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09 junho 2011

Carnaval gera lixo e conta ambiental ao Planeta

Por Adriana Torres*


Mais um carnaval chega ao fim e deixa muito mais do que as saudades dos cinco dias de folia e diversão. O seu fim deixa também uma quantidade enorme de resíduos e uma conta ambiental alta a ser paga pelo planeta. O alto consumo de produtos descartáveis durante esse período, tais como latas de cerveja e garrafas de água, representa um aumento no volume de lixo produzido e descartado erroneamente, agravando a situação dos aterros e lixões, causando um grande impacto ao meio ambiente e aumentando o custo de coleta às prefeituras.
Para se ter uma idéia, somente na cidade do Rio de Janeiro, a Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) retirou 849,5 toneladas de lixo das ruas no carnaval desse ano. Esse lixo veio dos blocos de rua, do Sambódromo e da Estrada Intendente Magalhães, local em que desfilam as escolas dos grupos C, D e E. O maior lixo gerado foi durante os desfiles dos 420 blocos que animaram a cidade: 2.427 garis retiraram 316, 7 toneladas de resíduos das ruas, o que representa um aumento de 20% sobre o carnaval do ano passado. O lixo acumulado nas ruas é um perigo. Ele entope bueiros e aumenta o risco de enchentes.



A situação em Salvador é ainda pior. Os cinco dias de festa na capital baiana geraram 1.393 toneladas de resíduos, o que necessitou do trabalho de dois mil funcionários para a limpeza. Segundo a Empresa de Limpeza Urbana (Limpurb), responsável pela limpeza do carnaval em Salvador, foram necessários também 6,151 milhões de litros de água e 7,645 mil litros de aromatizantes, para acabar com o mau cheiro. Em Salvador existe ainda um agravante: grande parte desse lixo vai parar no fundo do mar, já que as imediações do Farol da Barra, local onde as festas se concentram, estão muito perto da praia. Assim que o carnaval de 2010 terminou, mergulhadores da Global Garbage, ONG que combate o descarte de lixo nos oceanos, ficaram assustados com a quantidade de latas de cerveja encontradas no fundo do mar. Eram mais de 1.500.



O lixo gerado no carnaval tem como principal destino os aterros sanitários e também conta com a ajuda de cooperativas de catadores, que separam os materiais reciclados, revertendo-os em renda. No entanto, ao levarmos em conta os resíduos produzidos em alto mar, pelos cruzeiros marítimos, opção de milhares de foliões no carnaval, a situação é ainda mais agravante e os riscos ambientais maiores do que se possa imaginar. Segundo dados da ONG “Friends of the Earth”, que calculou o passivo ambiental dessa indústria, um cruzeiro comum, de uma semana de duração, gera mais de 50 toneladas de lixo, utiliza 3,8 milhões de litros de água (vindas da cozinha, dos chuveiros e da lavanderia), gera 795 mil litros de esgoto e 95 mil litros de água contaminada com óleo. Em média, cada passageiro produz 3,5 quilos de lixo por dia – aproximadamente quatro vezes mais que um



cidadão em terra. De acordo com a convenção da Organização Marítima Internacional (IMO), todo lixo orgânico produzido nas viagens, bem como todo o esgoto gerado, podem ser lançados ao mar, desde que respeitando algumas condicionantes: no caso do lixo orgânico, este deve estar devidamente separado dos resíduos para a reciclagem e seu lançamento deve respeitar uma distância de cerca de 22 quilômetros da costa. No caso do esgoto, essa distância também deve ser respeitada e o resíduo gerado deve receber um tratamento prévio. Infelizmente, essas regras não são cumpridas em sua totalidade, aumentando ainda mais a degradação ambiental. Parte dos passageiros, por vezes, também acaba contribuindo diretamente para essa degradação, lançando seu lixo diretamente ao mar. A consciência ambiental e social é fundamental nos momentos de folia do carnaval. O folião consciente ajudará na minimização dos impactos ambientais e contribuirá para um ambiente mais agradável para a realização das festas. Atitudes como “produzir menos lixo’, “jogar o lixo no lixo” e “evitar desperdícios e excessos” são simples e certamente farão do carnaval uma festa mais ambientalmente responsável.
O carnaval já acabou, mas fica a dica para 2012. Queremos que esses dias de festa, tão esperados por nós, brasileiros, se transformem, cada vez mais, em sinônimo de alegria e paz, e não de violência e ameaça ao equilíbrio do planeta.

* Adriana Torres, bacharel em Relações Internacionais (FAAP) e pós graduada em Gestão da Sustentabilidade (UNICAMP)

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